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Citando um pouco de Almodóvar

Pensando em grandes diretores de cinema, ou até mesmo aqueles que eu admiro, mesmo não sendo tão grandes assim, me questionei por quê eles conseguem esse rótulo de “monstruosos”.

Não conheço muitos diretores, mas o que me vem sempre em mente é Pedro Almodóvar, mesmo sabendo pouco  sobre ele.(site oficial)

 

O primeiro filme que vi de sua autoria foi “De salto alto”. Achei estranho: personagens bizarros, drama, um filme transformado em uma alegoria (ou vice e versa) e quebras de fluxo com cenas totalmente críveis no mundo real, como a mulher descer do carro e pisar em um cocô de cachorro. Uma misturbem interessante e ousada eu diria.


dois.jpgVisitei algumas listas de filmes, os 100 mais de x, os 200 mais de y, os 450 que você deve ver antes que o mundo acabe, e na maioria delas “Tudo sobre minha mãe” e/ou “Fale com ela” sempre são citados.

Esse último ganhou vários prêmios como um Oscar de melhor roteiro original e uma indicação ao Oscar de melhor diretor. Então eu pensei: Pedro Almodóvar deve ser realmente bom!

 

Em uma pesquisa que fiz, e em alguns poucos filmes que vi de Pedro, percebi um estilo próprio, que é confirmado por críticos e “entendedores” de cinema, de utilização do kitsch, personagens profundos e complexos, histórias dramáticas, mais kitsch na direção de arte (olhe a combinação de cores da segunda figura), cenas surreais, a alegoria na construção do tema e um toque de comédia que dá o sabor para os seus longas.

Almodóvar segue seu estilo e utiliza-o de forma mais escancarada e rasgada a cada nova película, mesmo que contraponha toda a mistura tecnológica, digital e de design funcional que hoje é demonstrado nos filmes mais comerciais. Volver por exemplo, obra de 2006, abusa de uma estética poluída de cores gritantes e estampas, para contextualizar uma cultura e ambientar o “carnaval” que é a narrativa como um todo.

Alguns dizem que muitos personagens do tal diretor são reflexos de traços da sua personalidade e que algumas cenas são histórias transpostas de experiências reais. Isso não sabemos muito ao certo. Mas conseguir combinar temas sociais como pedofilia, romance, amor de mãe, necrofilia, homossexualismo, amizade, desespero, inveja, prostituição e religiosidade fazendo uma narração coesa, não deve ser tão fácil assim.

Acredito que ele é um grande diretor sim, e se destacar nessa indústria não sendo americano ou inglês e abordando assuntos tão delicados, é algo que se deve respeitar. Mas é preciso dissecar Almodóvar melhor e falar um pouco mais de técnica, mas isso é assunto de outro post.

Tem alguns filmes dele que eu ainda não vi: o “Fale com ela”, por exemplo. Vou correr para a poltrona e observar melhor a estética e as nuances desse roteiro.

¡Hasta luego!